É com tristeza e preocupação que acompanho o trabalho de reconstrução de uma das pistas da BR-153, no trecho sobre o Ribeirão Santo Antônio, em Aparecida de Goiânia, provocada por uma cratera que se abriu no local, no início deste mês. Tristeza porque acabou contribuindo para o acidente, que deixou seis pessoas mortas e dezenas de feridas, na madrugada do dia 24, véspera de Natal.
E preocupação porque, desde 2010, enquanto Presidente do Clube de Engenharia de Goiás e do Fórum da Engenharia Goiana, alerto para o risco de rompimento da pista, devido à impermeabilização do solo ocasionada pelo asfaltamento de vias públicas, da transformação de residências em escritórios onde, via de regra, são totalmente pavimentados, e aos vários empreendimentos implantados à montante do trecho no decorrer dos anos, impedindo a infiltração de grande parte das precipitações pluviométricas, praticamente inutilizando os dois bueiros celulares existentes no local.
Anualmente estamos vivenciando um aumento da concentração de chuvas com maior volume em um curtíssimo espaço de tempo e a única solução possível e definitiva para evitar novas tragédias no local é a construção de uma ponte com vãos livres e altura suficiente para impedir o transbordo do ribeirão e o desabamento da pista. Qualquer ação diferente será mero paliativo que não impedirá novas catástrofes.
Dolzonan da Cunha Mattos
Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho
Presidente do Clube de Engenharia de Goiás